O verbo no particípio e sempre consertando.
Esta música revela com clareza a nossa fragilidade e tendência. Esta tendência foi enfatizada nesta semana, pelo "watsap", num parecer sábio de um conselheiro ao seu colegiado, sobre as discussões e dúvidas levantadas para uma eleição, quando ele disse:
" Da forma que está, parece que nós temos a obrigação de decidir se o pastor fica ou vai embora. Pra mim, é mera burocracia. Relação entre o empregado e patrão, não é essa visao que eu quero ter.
Estamos juntos nesse barco mesmo se ele afundar. E se estamos juntos, é em todos os momentos. Bons, ruins, agradáveis, repreensivos, instrutivos , de decisao, de chamar a atencao...
Se for essa a relação, nao cumprimos a missao de influenciar vidas e discipular pessoas com capacitacao de Cristo.
Se for assim, no dia que eu não agradar mais a comunidade servindo do jeito que posso no som, irão me mandar embora.
Cada um com seu dom, cada um com um jeito, é assim mesmo, e gera discórdia. É comer um kg de sal juntos todos os dias. Mas, toleramos uns aos outros. Isso é o amor de Deus. Tolerar, andar junto, amar. Vejo que o pastor tem muitos pontos a melhorar. Assim como todos nós temos. Entao nossa decisão tem que ser a de crescer juntos idependente de qualquer coisa.
Ai caberá as analises, definir objetivos, ensinar uns aos outros para andarmos no mesmo rumo. Aprendendo e crescendo.
Para crescer temos que escutar todos, somos criticados, dói, machuca. Mas nao tem outra forma de crescer."
Aprender é educar e ensinar. Isto nos faz lembrar da importância do discipulado, da cia de jugo, da meditação, da solitude, da escuta lendo a Bíblia e da oração, naquilo que chamamos quarto de escuta dos ativos participantes de uma Comunidade relacional.
É pensar que ensinar alguém não envolve apenas passar-lhe conhecimentos, mas toda uma visão educacional da pessoa como ser humano dotado de subjetividade, identidade e vontade própria.
Nesse sentido, a palavra “educação” é mais abrangente do que ensino e tem mais a ver com cultura e formação. Literalmente educar é “colocar para fora o ser” da pessoa.
Educação tem a ver com o discipulado, para além do ensino. Mas poucos se dão conta da diferença entre educação e ensino.
No senso comum, “ensinar” muitas vezes é definido como “transmitir conhecimentos”. É quando o professor “molda” a mente do aluno, de acordo com o que programou lhe “passar”.
Não houve ensino, se não houve aprendizagem, que é um processo, por sua vez, altamente ativo e autônomo. Trata-se de uma ação insubstituível. Não se pode aprender por alguém, da mesma forma que não se pode comer, respirar, ou conceber um filho ou o saber por alguém.
E aprender, por sua vez, vem de apreender, que é agarrar algo com as próprias mãos. Então, ao contrário do que revela a prática de muitos encarregados do ensino nas igrejas, para ensinar não basta descarregar teorias e doutrinas sobre os indivíduos passivos.
É preciso interagir com eles e estabelecer uma relação de mediação do saber, em que o aluno ou educando seja tratado como um sujeito, e não um objeto passivo.
Assim, ensinar alguém não envolve apenas passar-lhe conhecimentos, mas toda uma visão educacional da pessoa como ser humano dotado de subjetividade, identidade e vontade própria.
Foi essa a tarefa que Jesus mesmo, nos deixou na sua Grande Comissão. Ele mesmo, que foi o Mestre dos mestres, o Educador dos educadores nos deu o exemplo de como fazer isso, através do seu estilo relacional, amoroso e holístico de educar, jamais caindo na doutrinação, dos seus discípulos e todos aqueles que o rodeavam.
Infelizmente, pode-se contar nos dedos os líderes que têm esse conceito amplo de educação em mente, quando estabelecem objetivos para os seus ministérios de ensino.
Mais do que uma Comunidade Ensinadora, ser uma Comunidade Educadora, que seja capaz de fazer discípulos de todas as nações para a construção e glória do Seu Reino.
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do pai, e do filho, e do espírito santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.19-20).
No versículo citado, ensinar, está no particípio, ou seja, é uma ação contínua, realizada ao longo do contexto maior do discipulado.
Edgard F Alves
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